quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ela dança engraçado e beija depois de contrato quase assinado.
Ela quer ser lembrada no dia seguinte e para isso telefona.
Telefona e diz que por hora não pode, que precisa trabalhar et cetera.
Depois, emails apaixonados.
Implora atenção.
Ela não gosta da minha corrente de plástico.
A Ela da barriga bonita, do abdomem definido.
Do desejo definido.
Da ausência de dúvida.
Da persuasão iminente.
Da falta de notícia minha, da falta de internet minha, do meu computador quebrado.
Ela não compreende.
Ela longe.
Ignorare.
Ela não entende meu português nem meu francês.
Ela quer ser convidada.
Quer invadir, dividir, sem demora.
Ela não gosta de ficar sozinha.
Ainda não aprendi a amar em inglês.
Ela do nome-pronome, da beleza e do meu medo.

Luana Azzolin

Quase Haikai

Versos poucos
Soltos, roucos
Rotos
Passo torto
Dia morto
Sem teu rosto.


Luana Azzolin

sexta-feira, 30 de maio de 2008

De quando tornei-me Italiana Ou De quando os italianos decidiram que meu sobrenome não seria mais Azzolin


Vacinei-me contra Sarko pela manhã e comprei um guarda-chuva pra comemorar, não exatamente nessa ordem. Posso dizer também que pra comemorar a compra do guarda-chuva é que me vacinei contra Sarko. Sinônimos, sinônimos do nada. Um dia Céline disse, escreveu ou deixou escorrer pelo lado esquerdo ou direito da boca, "o patriotismo é somente mais um daqueles falsos valores aos quais a humanidade se agarra". Patriotismo esse, equivocado e malsão da parte de Sarko, que me roubou noites de sono, diante da angústia do iminente, na língua deles, “emmerdement”, perfeito neologismo derivado é claro, de merda, que bem esboça a especialidade do Monsieur. Merda. Victor Hugo alegou (ou melhor deve ter escarrado) que merda é a palavra mais bonita da língua francesa. Dou-me ao luxo do uso do escatológico vocábulo pra melhor pintar o fato; Após ter engolido médicos e controladores de trem racistas e insinuações baratas de gente que ainda pensa que toda brasileira é puta, eis meu passaporte europeu em cima da mesa rindo pra mim.

Pequeno bloco de papel caro e emerdante que para havê-lo abri mão do meu estimado Azzolin, lembrança do único colo de vô que tive. Do Nascimento, nasço continuadamente, espero. Bloquinho de papel caro e menos chèr, hoje.

Luana ??? Berdinazzi...

domingo, 2 de março de 2008


Superlativo-me em segredo e visto hoje um sorriso parido. Não quero mais os enfadonhos e fustigantes beijinhos vazios de saudade aos quais fui condenada. Palavras escorrem ecoando poeira por um caminho menos fácil que o do nascimento de um sorriso. E, quando de súbito saem, são incipientes estilhaços desperdiçados. Platéia escassa. Assino minha negativa ao estilhaço vão. Continuo quieta. Mantenho o anseio de que minha renascença seja menos ilusória depois do entranhado mergulho insano em meio agonioso. Ontem, foi como se tivera tido todos os sonhos defenestrados.