Da janela do trem, o céu se prepara, todo rosa pra receber o sol. Tudo é feio ou chato ou igual na manhã que brota. Agora menos triste e gelado pois diminuiu a mesura da matilha de destituídos que vejo. Sinto um calorzinho ilusório e temporário nessa mudança de hemisfério. Esqueço esse tema, invento outra armadilha:
Circulam carros levando casais de solteiros já divorciados. Acordar cedo faz isso com as pessoas? A distância amortece-se à noite ou inflama-se? Se o amor é mesmo líquido porque os humanos insistem em substituir um por outro igual? Finjo parar de questionar enquanto instigo-me a permanecer numa ilha.
Se a calmaria me dá solidão e mesmo assim não renuncio à ilha, vivo um dilema. Já estive erma acompanhada, embriagada de encanto por um sorriso infantil.
Vivo o dilema da volúpia do abandono.