Escondo-me a cada dia para que não me vejam. Eles. Tantos e múltiplos, por todos os lados. Escondo-me de teus olhos lindos e daqueles olhos que podem me fazer chegar a tí. Escondo-me dos dias, das noites, nos dias e noites de meu refúgio que conheceste e que crês, às vezes, não poder fazer com que me afaste. Escondo-me de mim, calo-me. Amo-te então com doçura e calma, sem comunicar-te. Gota d’água na pele que não confunde, simbiose branda, resignada. Falta-me força ou paz ou tempo ou coisa alguma para bem poder definir meu querer. Talvez te queira mais e melhor quando longe. Em memória devoro-te sem pressa. Querer- te- ia inteira minha e quotidianamente se livre fosse de fantasmas e medos. Permaneceríamos quem sabe. Permaneceríamos logo ? Se teu amor durável, paciente que fora ainda fosse. Dos tantos possíveis hesito em escolhas. Levo a morte em meus olhos, na poesia do amigo morto. Então quando vivo é palavra, que teima em sair agora e que não chegará a tí.
Quelle idée de m’aimer autant !
No dia em que percebí o dragão que mora em meu jardim tínhamos repartido a noite
Não querias
Quebrei tua resistência a beijos
Impregnei-me de tí alí mesmo
Dias mudos
Silêncios por mim sustenidos
Fala áfona em língua emprestada
Não- dizeres
Troquei-a pela leveza de uma meia-verdade
Pelo não mentir
Libertou-me quiçá
Tornei-me silêncios e lágrimas
E permanecí ao teu lado construindo ilusões
Semeando dúvidas
Plantando nadas na magia da tua insistência
Sentindo falta da tua ausência
Querendo meu silêncio e perceber-me toda
Sem confiar-te meu tempo
Sendo minha
Deixa em paz meu poema
Não escreva entrelinhas por tí interpretadas
Pára
Deixe-o ser
Meu
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